
"... acho que escrever e sobretudo receber cartas tem tem um gostinho diferente e insubstituível. Não sei se sou meio saudosista ou se você concorda comigo."
Minha resposta a ela:
Se você é saudosista, eu também sou.
Para mim, a carta é muito mais do que o papel escrito. Começa com a chegada da correspondência do outro. Passa por abrir o envelope com cuidado, apreciar a letra. Ler. Reler para entender as entrelinhas. Depois, a preparação para responder: escolher um momento tranquilo, um lugar aconchegante, a música que acompanhará cada uma das palavras. Já na hora de escrever, tem a escolha do papel, da caneta, de cada frase que ali será colocada. Em cada carta que escrevo, coloco um pedacinho de mim. Cada uma é única. Quando o correspondente é antigo, parte do processo é mais fácil. No entanto, algumas coisas ficam... não mais difíceis. Mas parece que o comprometimento aumenta. Já com os novos amigos, há toda a novidade, todos os assuntos ainda por conversar. E a timidez.
Com todos eles, a sensação ímpar de ler algo que foi escrito só e exclusivamente para você.
É por isso que eu ainda escrevo cartas.