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Em primeiro lugar, vamos deixar claro que isso aqui não é um artigo médico ou científico. É absolutamente empírico, baseado na minha experiência pessoal. Apesar de ser considerada uma doença e da OMS afirmar que até 2030 a depressão será a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que problemas cardíacos e câncer, há ainda certo preconceito contra os doentes e há também desconhecimento da doença. O pensamento que primeiro vem à mente é: sua vida é tão boa. Você é bem de saúde, mora num lugar legal, tem carro, um apartamento. Por que você está deprimida? Você tem tudo o que quer, viaja todo ano, sua família te ama. Isso não é depressão. É frescura. Você tem amigos, vai em bares e restaurantes, não passa dificuldade. Tem certeza que não é TPM? Mas você sorri, vai trabalhar todo dia e nunca te vi chorando. Isso é fase, vai passar. A depressão independe classe social, idade, religião e sexo, embora as mulheres estejam mais suscetíveis por conta da variação hormonal.
A depressão pode ou não ser causada por fatores externos, como um trauma ou estresse, por exemplo. Mas não é sempre que dá para identificar a causa. Sim, minha vida é maravilhosa e eu agradeço a Deus todos os dias por ela. Eu tenho amigos, minha família é a melhor do mundo e aparentemente não tenho mesmo motivos para estar deprimida. Mas estou. E o fato de ter bens materiais à minha disposição, amigos maravilhosos e uma família unida me fazem sentir culpada por ter isso tudo e ainda estar triste. As pessoas podem não perceber às vezes, porque quem está deprimido, justamente por conta dessa cobrança, disfarça. Nem sempre quem está deprimido vai ficar no quarto escuro, debaixo das cobertas chorando. Algumas vezes é um cansaço tão grande que só se tem vontade de ficar em casa. No entanto, as pessoas querem seguir com suas vidas, elas se esforçam para isso. Eu por exemplo, só respondo à pergunta: “tudo bem?” com um “tudo ótimo, e você?”. Ninguém tem culpa, nem precisa ser ‘incomodado’ com minhas lamúrias. Tenho consciência que minha tristeza e minha alegria são responsabilidade exclusiva minha. É que há dias difíceis. Nem todos.
Tenho consciência de que ando mais cansada, mais irritada, mais impaciente (ainda mais do que o normal). Mas acreditem, não é porque eu quero. Na verdade não sei porque é. Não tenho conseguido ter empatia pelos problemas dos amigos. Não é que eu não me importe. Eu me importo muito. Simplesmente não consigo interagir, ou demonstrar interesse. Algumas vezes, o sentimento é de anestesia, entende?
Quando me recuso a sair, a me encontrar com amigos, a participar de programas de família, não é porque eu não goste mais. É que exige um esforço tremendo. Um esforço que, no momento, não consigo transpor. Pode ser que eu prefira a companhia dos livros e das séries de TV. Não é que eu não goste de você. Eu gosto, acredite. Não é nada pessoal. E vai passar.
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